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Como escolas podem identificar ideação suicida em adolescentes?

09.10.20 - 08H50 Por Ana Beatriz Caldas
Prevenção ao suicídio: comunidade escolar precisa estar atenta ao comportamento dos alunos (Foto: Unsplash)

Durante a pandemia, com a mudança drástica de rotina e o afastamento presencial dos amigos, professores e outros familiares, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre a possibilidade de aumento nos índices de adolescentes com problemas psicológicos que levam a tentativas de suicídio e automutilação, algo que já vem sendo constatado por pesquisadores e profissionais da saúde.

Nesse momento, mais do que nunca, é essencial se questionar: com o retorno das crianças às salas de aulas – e durante todo o “novo normal”, como a escola pode agir para resguardar a saúde mental dos alunos? E como identificar alunos que têm ideação suicida?

Em uma entrevista ao CVV/Unicef, a educadora Claudia Andrade Cardoso pontua que, muitas vezes, o tema do suicídio já é algo presente entre os adolescentes, mas que há dificuldade – tanto do professor quanto do aluno – de haver um diálogo mais profundo sobre o assunto. Isso ocorre porque, além dos estudantes não se sentirem a vontade com os adultos, de maneira geral, os professores não costumam ter formação qualificada para lidar com essas questões, que são complexas e, muitas vezes, exigem auxílio especializado.

Para a psicóloga e suicidologista Karen Scavacini, o primeiro passo para identificar possíveis problemas é criar um vínculo com o adolescente para que ele comece a conseguir expressar o que sente, já que muitos deles nem compreendem os próprios sentimentos. Nesse sentido, também é importante que o educador preste atenção em sentimentos que possam estar “mascarando” a dor, como agressividade ou impulsividade.

A mudança de comportamento, segundo Karen, é a principal forma que o adolescente tem de mostrar que algo não está correto. Isso pode incluir um número acima da média de faltas nas aulas, queda nas notas ou isolamento repentino dos colegas. Sinais de uso de drogas ou álcool, além de machucados possivelmente oriundos de automutilação também devem ser observados.

O QUE PODE CAUSAR E COMO PREVENIR?

Em uma época delicada como a adolescência, fatores aparentemente pequenos podem ser responsáveis por grandes crises de saúde mental. Entre os principais fatores detectados pelos profissionais da saúde e da educação estão o bullying (presencial e virtual), problemas familiares e término de relacionamentos amorosos.

Para prevenir o suicídio e a automutilação, é necessário que a escola crie canais eficazes de comunicação com os alunos, realizando uma escuta ativa, com acolhimento da coordenação pedagógica e sem julgamento por parte da equipe multidisciplinar – que deve estar atenta e buscar desconsiderar atitudes que possam estar relacionadas a um quadro de ansiedade ou depressão.

PREVENÇÃO É VIDA

Com o intuito de ajudar professores e outras lideranças a compreenderem o estado de suas crianças e adolescentes, o projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação oferta cursos gratuitos, cartilhas e notícias especializadas sobre a temática. O material pode ser replicado e utilizado para capacitação em escolas, igrejas e outros ambientes ligados à rotina das crianças. Para ter acesso às cartilhas digitais e se inscrever nos cursos de prevenção ao suicídio e da automutilação, clique aqui.

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