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Automutilação e suicídio: como abordar a temática com adolescentes?

13.11.20 - 08H11 Por Ana Beatriz Caldas
Abordagem ao falar de automutilação e suicídio com adolescentes deve ser respeitosa e acolhedora (Foto: Unsplash)

Perceber se alguém está enfrentando um período de adoecimento mental não é uma tarefa simples. Quando se trata de adolescentes, porém, o trabalho pode ser ainda mais complicado: por ser uma fase de transição, a adolescência é marcada por alterações de humor, o que torna mais difícil para pais e professores compreenderem se é uma fase ruim ou se há riscos de automutilação e tentativa de suicídio, atos que demonstram que a saúde mental está seriamente debilitada.

De acordo com especialistas, a intervenção para identificar riscos de automutilação e suicídio exige três tipos de habilidades: saber como perguntar, o que perguntar e em qual momento perguntar. O primeiro ponto é definitivo para que a conversa flua da maneira adequada. Uma pergunta feita de maneira errada a um adolescente em estado de vulnerabilidade pode piorar a situação em que ele se encontra, tornando mais difícil a comunicação e o auxílio.

A abordagem deve ser cautelosa e acolhedora, e o adulto deve iniciar a conversa por perguntas mais leves, demonstrando interesse e conduzindo ao assunto. No início, perguntas como “Você está triste?” ou “Há algo que está preocupando você?” podem ajudar.

Após o primeiro momento de aproximação, perguntas que abordem temas como automutilação e morte podem ser feitas, com cautela, caso o adolescente demonstre se sentir acolhido. “Você já se agrediu intencionalmente?” ou “Você já pensou em tirar a própria vida?” são questionamentos que podem ser feitos se houver preocupação sobre esses riscos – no entanto, nenhum tipo de método deve ser mencionado, para que não haja um estímulo não intencional ao ato.

QUANDO PERGUNTAR?

O terceiro ponto para abordar temas como autolesão e ideação suicida com adolescentes também é essencial para que o diálogo seja eficaz. Escolher o momento oportuno para falar sobre esses assuntos evitará que o estado emocional do adolescente piore, e o risco de uma violência autoprovocada aumente.

Os principais cuidados nesse momento devem ser não constranger, irritar ou entristecer ainda mais o adolescente, tendo como intuito fazer com que ele compreenda que precisa de ajuda profissional. Por isso, é importante iniciar uma conversa em um ambiente adequado, com a privacidade e tempo necessários para que a conversa possa avançar devidamente.

Segundo profissionais especializados em saúde mental, momentos oportunos são aqueles nos quais já existe uma relação de confiança estabelecida entre o adolescente e o adulto que iniciará a conversa. O familiar, profissional da saúde ou professor também deve identificar oportunidades nas quais o adolescente emita sinais de que busca ajuda, mas não sabe se expressar abertamente, por vergonha ou medo.

Caso o adolescente apresente um comportamento autodestrutivo, que insinue possibilidade de autolesão ou ideação suicida, também deve haver intervenção da rede de apoio, que deve acolhê-lo, acompanhá-lo e encaminhá-lo a um tratamento de saúde adequado.

PREVENÇÃO É VIDA

O projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação promove a abordagem adequada de temas relacionados à saúde mental, de forma pedagógica e didática, utilizando ferramentas de educomunicação. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a Fundação Demócrito Rocha e a Universidade Aberta do Nordeste.

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