O que fazer quando ocorre um suicídio?
O período de luto, já naturalmente delicado, pode ser ainda mais complexo de elaborar quando acontece um suicídio. Os familiares e amigos da vítima, por isso, são considerados sobreviventes – especialmente porque o ato de tirar a própria vida costuma ser o ponto final de uma série de problemas psicológicos que afetam não só o indivíduo, mas também a comunidade ao seu redor. Mas como, então, lidar como um momento tão difícil?
Quando se trata do sofrimento de alguém, não há fórmula correta. Mas os profissionais da saúde mental recomendam cuidado especial com os sobreviventes no período após a perda, já que essas pessoas têm, também, risco de suicídio. É necessário, portanto, que familiares e amigos tenham acompanhamento psicológico e participem de grupos de apoio que possam compreender e compartilhar a dor, o que costuma trazer alívio e conforto ao ente enlutado.
Por ser, geralmente, uma morte inesperada e violenta, o suicídio costuma ter um impacto maior do que outros tipos de morte. Porém, é necessário ficar atento à duração do processo de luto, bem como a adoção de hábitos autodestrutivos, como uso de álcool e drogas – ainda que o suicídio seja um acontecimento normal, não é saudável que o luto perdure na mesma intensidade por períodos muito longos, alertam os especialistas.
COMO AJUDAR?
Assim como uma pessoa que sofre de um transtorno mental, quem sobrevive a um suicídio necessita, antes de mais nada, de escuta e acolhimento. Mais do que o consolo, essas pessoas precisam ser ouvidas e compreendidas, pois é comum que haja questionamentos e culpa após um evento traumático dessa magnitude.
Como o processo de luto compreende diversos estados (como negação, choque e anestesia) e sentimentos (como ansiedade, raiva e tristeza), também é importante que os entes queridos dos sobreviventes busquem validar essas emoções, sem deixar de falar sobre a pessoa que se foi, ressaltando os momentos alegres que viveram juntos.
O incentivo à grupos de enlutados por suicídio, sejam eles presenciais ou virtuais, também é necessário – nesse momento, a rede de apoio deve elaborar estratégias para que essa pessoa não se sinta ainda mais sozinha ou triste, especialmente em datas comemorativas ou ocasiões em que a lembrança do ente perdido possa ser mais intensa.
Atividades que tragam alegria ou alívio, como ter contato com a natureza, meditar, praticar esportes, escrever sobre o luto ou se expressar artisticamente também podem auxiliar no processo de recuperação e devem ser estimuladas por amigos e familiares dos sobreviventes.
VIVENCIANDO O LUTO
1. Fale a verdade sobre o que aconteceu;
2. Reconheça seus sentimentos;
3. Não procure culpados;
4. Não se isole;
5. Aceite ajuda;
6. Cuide-se;
7. Evite tomar decisões importantes;
8. Permita-se seguir em frente.
Para mais orientações, acesse a Cartilha de Prevenção ao Suicídio e à Automutilação #2.
PREVENÇÃO É VIDA
O projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação promove a abordagem adequada de temas relacionados à saúde mental, de forma pedagógica e didática, utilizando ferramentas de educomunicação. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a Fundação Demócrito Rocha e a Universidade Aberta do Nordeste.