Como está a saúde mental no Brasil durante a pandemia?
Não é de hoje que, através da internet e de plataformas multimídia, o debate sobre saúde mental tem crescido. Em terras brasileiras, a discussão não ocorre por acaso: uma pesquisa de 2019 da Organização Mundial no Sáude (OMS) apontou o Brasil como o país mais ansioso do mundo, com 86% da população registrando algum quadro de transtorno mental, como depressão, ansiedade ou estresse severo.
No início de setembro, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) alertou que a pandemia do novo coronavírus pode facilitar o aparecimento de fatores de risco para o suicídio. Além das perdas humanas, fatores como a ausência de contato físico e as dificuldades econômicas ocasionadas pela Covid-19 também têm tido forte impacto no emocional do brasileiro, que já vinha encarando outras mazelas sociais. Mas o que já sabemos sobre o efeito da doença na saúde mental da população?
Segundo uma matéria publicada no portal Nexo, mesmo com a crise financeira afetando milhões de trabalhadores, boa parte dos mais afetados no momento nem entraram no mercado ainda. Adolescentes e jovens são os mais propensos a terem a saúde mental impactada durante a crise do coronavírus, indica a pesquisa, um alerta para a situação da saúde mental – e da economia – do País.
Durante a pandemia, com escolas fechadas e a impossibilidade de socializar com amigos, uma parte muito importante da etapa dessa parte da população está sendo anulada, prejudicando a formação emocional e social dos adolescentes. A investigação do Nexo ainda aponta que, ainda que não haja dados precisos, profissionais de saúde têm registrado aumento no número de casos de depressão, ansiedade e de mortes por suicídio nesse público nos últimos meses.
CUIDADOS BÁSICOS COM A SAÚDE MENTAL
Com a pandemia, um outro problema pode estar impactando a saúde mental de pessoas de todas as idades: a dificuldade em encontrar atendimento especializado, especialmente processos terapêuticos que prezam pela presença. Por isso, familiares e amigos de pessoas em estado frágil devem estar ainda mais atentos a possíveis sinais de desordens emocionais.
Entre as principais recomendações dos profissionais de saúde, estão a observação da alteração de humor, especialmente quadros de irritabilidade, tristeza e agitação, bem como a validação desses sentimentos e o diálogo constante. Pessoas que apresentam insônia também podem estar passando por algum tipo de adoecimento mental e, por isso, devem investigar mais a fundo as causas desse distúrbio.
Pacientes que passaram por perdas, quadros de Covid-19 e mudanças bruscas na rotina (demissão, interrupção de aulas/projetos e isolamento social, por exemplo) devem ser observados com mais cautela por parentes e amigos – ainda que a distância –, já que o impacto da crise junto a problemas individuais pode causar sérios danos emocionais.
Organizações ligadas aos órgãos de saúde, como as UPAs e o CVV, também têm oferecido suporte gratuito (presencial, por telefone ou online) para pessoas com a saúde mental fragilizada.
PREVENÇÃO É VIDA
O projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação promove a abordagem adequada de temas relacionados à saúde mental, de forma pedagógica e didática, utilizando ferramentas de educomunicação. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a Fundação Demócrito Rocha e a Universidade Aberta do Nordeste.