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O que é automutilação?

23.09.20 - 08H20 Por Ana Beatriz Caldas
Automutilação pode ser sinal de adoecimento mental (Foto: Unsplash)

De acordo com o Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso (Pro-Amiti), serviço ligado ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, a automutilação é um comportamento de autoagressão intencional, não necessariamente ligado à intenção de suicídio – pelo menos não de forma consciente.

Esse tipo de problema acontece com frequência em pessoas que enfrentam algum tipo de adoecimento mental, e pode incluir padrões, como bater, queimar ou cortar um mesmo local. Segundo o Pro-Amiti, a autolesão costuma ocorrer em áreas expostas do corpo, como braços, pernas e abdômen, e tem como objetivo provocar algum alívio a um estado mental negativo, sendo muito comum em quadros de depressão e ansiedade.

Desse modo, esse tipo de agressão costuma ocorrer quando dificuldades interpessoais e períodos de tensão se intensificam, mesmo em pacientes não diagnosticados com algum transtorno de ordem mental. Entre critérios diagnósticos estipulados pelo DSM-5 para a automutilação, está a inferência de autolesões por um período de cinco ou mais dias de dano intencional com expectativa de um dano físico moderado (ou seja, apenas com intensão de alívio, e não de suicídio).

O fato de esse tipo de autolesão não resultar em quadros mais sérios, porém, ainda é um grande problema. Muitas vezes, pessoas que se automutilam não percebem que aquele tipo de agressão pode levar a problemas mais graves, incluindo a morte, em certos casos. A automutilação também pode afetar outros âmbitos da vida da vítima, como o sono e o apetite, além de provocar o isolamento de família e amigos.

COMO TRATAR

Ainda que não seja uma doença em si, a automutilação pode ser um sintoma de diversos transtornos de ordem mental. Por isso, é essencial observar pessoas com tendências e/ou hábitos de automutilação – e se observar, quando necessário –, visto que estas costumam apresentar quadros depressivos e podem infligir sérios danos a si mesmas.

Esse tipo de ato também pode gerar dependência emocional em decorrência do alívio forjado durante ou após a autolesão, tornando cada vez mais difícil para o indivíduo abandoná-lo. Os cuidados recomendados para pessoas que se automutilam incluem psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico, que pode ou não envolver tratamento medicamentoso.

No Brasil, é possível buscar auxílio em hospitais, Unidades de Pronto Atendimento 24h (UPAs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Em caso de emergência, também é possível acionar o SAMU através do número 192.

LEIA MAIS | Pensamentos suicidas: onde buscar ajuda?

PREVENÇÃO É VIDA

O projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação promove a abordagem adequada de temas relacionados à saúde mental, de forma pedagógica e didática, utilizando ferramentas de educomunicação. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a Fundação Demócrito Rocha e a Universidade Aberta do Nordeste.

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