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Automutilação: como parar de se machucar?

30.09.20 - 08H40 Por Ana Beatriz Caldas

A automutilação, ato de causar lesões em si mesmo com o intuito de aliviar alguma dor emocional, é um problema grave que revela um grau elevado de adoecimento mental. Com o tempo, essas autoagressões podem acabar se tornando involuntárias, fazendo com que fique ainda mais difícil aliviar o quadro e parar de se machucar. Mas de que forma, então, é possível sanar o problema?

Segundo o portal Psicologia Viva, um dos primeiros passos para conseguir diminuir o hábito de automutilar-se é identificar quais são os gatilhos que causam a necessidade da autoagressão. Algumas vezes, eles são fáceis de detectar: situações de extremo estresse, sensação de tristeza extrema ou ansiedade.

Outras vezes, é necessário uma investigação mais profunda para entender o que motiva as autolesões – e, então, começar a evitar esses gatilhos. Há dois caminhos possíveis para essa busca: o autoconhecimento, que exige esforço para lidar com sentimentos delicados e traumas, e, principalmente, o acompanhamento terapêutico, que pode tornar o processo mais seguro e eficaz.

REDIRECIONANDO A DOR

Uma outra solução para diminuir a necessidade de se machucar envolve destinar os sentimentos que levam a essa ação para atividades que aliviem a dor emocional. Nesse caso, é importante entender quais são esses sentimentos: se a automutilação serve como uma forma de expressar uma dor intensa, o recomendado é que se busque realizar atividades que envolvem emoções, como escrever, pintar ou desenhar a partir do que se sente. Um diário, por exemplo, pode auxiliar a aliviar as dores emocionais.

Quando a automutilação vem como um modo de se desconectar, de “sumir”, tomar um banho frio, mastigar alimentos com sabor forte (como pimenta ou hortelã) ou ligar para um amigo (mesmo que seja para conversar sobre outros assuntos) são ações que podem auxiliar a provocar sensações semelhantes às de autolesão.

Já quando os machucados ajudam o indivíduo a se acalmar, atividades que trazem conforto podem substituir a sensação causada pela automutilação: tomar um banho quente, abraçar o animal de estimação, se envolver em cobertores e massagear pescoço, mãos e pés podem ajudar a trazer alívio e tranquilidade. Caso seja possível no momento, a meditação também pode aliviar a urgência da automutilação.

MANTENHA-SE ATIVO

Fazer atividades físicas pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade que causam a autoagressão. Muitas vezes, esses sintomas aparecem por uma relação do invidíduo com traumas do passado ou ansiedade pelo futuro; manter-se no momento presente, com atenção plena, pode auxiliar a tranquilizá-lo.

Assim como a meditação, técnicas de mindfulness – prática que busca estimular a atenção e a concentração plenas – podem ajudar nesse objetivo, regulado a respiração, organizando os pensamentos e auxiliando a controlar as emoções negativas.

Uma das técnicas que pode ser utilizada é a técnica das batidas do coração: pular por um minuto, e, depois, sentar-se e colocar as mãos perto do coração, sentindo cada batida e prestando atenção na respiração. Mastigar alimentos prestando atenção na textura, barulho, sabor e cheiro também podem trazer atenção plena para o momento presente.

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FALAR É SEMPRE O MELHOR CAMINHO

Como em outros sintomas de adoecimento mental, é mais fácil curar a automutilação com o auxílio de alguém. Pedir ajuda em casos onde ainda há algum autocontrole pode impedir que as autolesões se tornem involuntárias, e em casos mais graves, de acidentes irreversíveis. Por isso, é essencial que pessoas que se automutilem busquem dialogar com familiares, amigos, professores e outras pessoas de confiança, que poderão acolhê-las e buscar, em conjunto, o tratamento adequado com profissionais de saúde.

PREVENÇÃO É VIDA

O projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação promove a abordagem adequada de temas relacionados à saúde mental, de forma pedagógica e didática, utilizando ferramentas de educomunicação. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a Fundação Demócrito Rocha e a Universidade Aberta do Nordeste.

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